Aposto na ousadia de Dunga

Antes do texto a reflexão. Porque falar desse assunto se não sou atleta nem entendo muito de futebol? Mas depois vem a resposta. - Porque o futebol é tipo o mercado - uma verdadeira escola de estratégia e posicionamento que se concentram em PROMOVER resultados. E disso a gente entende um pouco.

No momento questionamos sobre a decisão de Dunga em ousar a mudança para a Copa do Mundo 2010, na África do Sul. Ele, que desde quando jogador se destaca pela liderança e firmeza no campo. Capitão que ergueu a taça tetracampeã de 1994 em parceria com os passos de Romário. E administra a organização mais almejada do momento, a Seleção Brasileira.

Mas vamos direto ao contexto, e por tópicos:

Dunga aderiu ao novo. Ao desafio de ir contra os “princípios técnicos” e partiu pela convicção da sua consciência. Não usou estrela do esporte brasileiro da mesma forma que usaria os que o criticam. Grandes nomes do futebol ficaram de reserva. Pense, que impressionante. Poucos os líderes que atuam com tamanha coragem e confiança.

O time do Brasil hoje, pela lógica da natureza é um retrato diferente do antes, quando se tinha Pelé, Zico, o próprio Dunga, Bebeto, Romário e etc. E o que muda também nesses profissionais são a postura e definição de foco. No antes se falava de grandes ídolos. Nossa, cada jogo uma esperança e motivos de vibração universal. Cada passo certo dos jogadores, a honra do torcedor. Passo errado, o respeito, mas mantinha a admiração, permanecia também a fé, de na partida seguinte, a vitória.

Nada contra idéias atuais, e obvio a paixão ainda continua fervendo no peito dos brasileiros, que vibram e cobram raça verde e amarela.

Mas jogadores modernos estão vaidosos demais. Os sucessos os fazem transformar em simplesmente “estrelas” e “fenômenos”. O estilo tipo “está por cima”. A essência do que eles são exatamente vai se escondendo no mundo da fama. Não precisa ser psicólogos ou similares para entender que a mente do ser humano absorve o que ele deseja. Que o raciocínio também tem foco. Que se prioridade é tempos de estrelismo, fica em segundo plano a razão de ídolo futebolista, pra ser contado na geração próxima, igual às profecias de Pelé, por exemplo, ou mito, como diz o orientador brasileiro.

Dunga divide a responsabilidade. Imagine se o Brasil conquista a taça mundial este ano. Quem assina embaixo? Dunga e sua equipe. Mas ele também ostenta o papel caso venha a “derrota”, principalmente com a atitude de mesclar o time.

Seria bem mais prático o líder determinar que todos os esportistas famosos se empenhem e tragam o título à nação, e ele se isentaria desse movimento. Mas aí está uma liderança compartilhada, Dunga aposta em novos talentos. E se perder já sabe. Ele é o culpado.

Quem, numa empresa está preparado para assumir imensa culpabilidade? Existem poucos líderes que se erguem dessa maneira e se expõem como centro das atenções, e pensem numa pátria que ultrapassa 190 milhões de habitantes, segundo o IBGE, todos voltados a um artista do momento.

Pois é muito cômodo mais tarde diante da imprensa citar que os jogadores fenomenais deviam ter vencido.

Mas tudo isso para dizer que a ousadia faz parte do propósito. E que deve ser equilibrada, centrada numa ideologia coerente.